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CPI Covid 19: Presidente da Anvisa confirma tentativa de mudar bula de cloroquina e diz que sua conduta sobre uso de máscaras difere da de Bolsonaro

 
 
Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia nesta terça-feira (11), o diretor-presidente da Anvisa, Barra Torres, admitiu que houve tentativa do governo Bolsonaro de alterar a bula da cloroquina, para poder incluir o medicamento no tratamento contra a Covid-19.
Na reunião, estavam presentes os ministros Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e o general Braga Netto (Casa Civil), e a dr. Nise Yamaguchi, braço-direito de Bolsonaro e uma das mais conhecidas defensoras da cloroquina, comprovadamente ineficaz para tratar a doença. Outro médico estava na reunião, mas Barra Torres diz não se recordar de quem era nem sua fisionomia.
O diretor do órgão regulador disse que reagiu imediatamente e de forma negativa à proposta, capitaneada pela Dra. Yamaguchi.
Segundo Torres, ele chegou a se comportar de maneira “deseducada” com os demais e reafirmou que somente a agência reguladora do país pode mudar a bula, mas desde que haja um pedido primeiro do próprio laboratório que produz a droga.
“Minha reação foi muito imediata de que aquilo não podia acontecer. Só quem pode modificar é a agencia reguladora daquele país, mas desde que solicitado pelo laboratório… Quando houve uma proposta de uma pessoa física de fazer isso, me causou uma reação mais brusca […] até deseducada”, disse.
Questionado pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL), o contra-almirante da Marinha reconheceu que os testes realizados até o momento não comprovam a utilidade da hidroxicloroquina no tratamento da doença.
Contudo, ressaltou que existe ainda uma pesquisa em andamento e que se encerra em dezembro, que avalia a eficácia em casos leves.
Antônio Barra Torres ressaltou que a sua “conduta” diante da pandemia do coronavírus destoa da adotada pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido).
Questionado pelo relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), sobre o episódio em que apareceu sem máscara em um evento, ao lado do presidente.
“Quanto ao evento especificamente, em março de 2020, o que preconizava o Ministério da Saúde, tornado explícito em 13 de março, era: ‘máscaras faciais devem ser utilizadas por gestantes, pessoas com Covid, profissionais de saúde’, o comércio estava aberto…”, se defendeu.
“A conduta do presidente difere da minha nesse sentido. As manifestações que eu faço nesse sentido têm sido no sentido do que a ciência determina”, acrescentou o presidente da Anvisa, também se referindo à defesa do isolamento social.
Antônio Barra Torres lembrou ainda que contrastou com o presidente da República, estando de máscara enquanto o chefe do Executivo não, em uma participação recente na tradicional live semanal de Jair Bolsonaro.
Vacina
Questionado sobre falas do líder do Planalto contra a vacinação, o presidente da Anvisa afirmou que é contrário às declarações e que elas se opõem ao que ele defende como chefe da agência reguladora.
Barra Torres disse ainda acreditar “mais” em uma campanha nacional de conscientização pela imunização contra a Covid-19 do que na obrigatoriedade da vacina. “Meu desejo, trabalho, empenho é pra que todos se vacinem. Eu acredito no convencimento das pessoas para que busquem a vacinação”, declarou.

Da Redação, com informações BNews 

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