
A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) se pronunciou nesta sexta-feira (22), após Michel Temer (MDB) atestar sua “honestidade” e afirmar que o impeachment se deu por incapacidade de diálogo da petista com os parlamentares.
“Eu agradeceria que o senhor Michel Temer não mais buscasse limpar sua inconteste condição de golpista utilizando minha inconteste honestidade pessoal e política”, disse Dilma, por meio de nota oficial, acrescentando que, apesar do emedebista rechaçar a pecha negativa, ela repudia a avaliação “de alguém que articulou uma das maiores traições políticas dos tempos recentes”.
“É de todo inócuo afirmar que não houve um golpe, pois este personagem se ofereceu como vice-presidente por duas vezes. E, assim, sabia por duas vezes qual era o programa político das chapas vitoriosas que foram eleitas em 2010 e 2014”, argumentou a petista, segundo a qual, as provas da “traição” estão evidentes na aprovação de projetos como a PEC do Teto de Gastos e a reforma trabalhistas, que não faziam parte dos compromissos eleitorais da chapa formada por ela e Temer.
Citando o argumento de Michel Temer sobre sua suposta dificuldade de diálogo com o Congresso, ela destacou que esta “não é razão legal e constitucional para impeachment em um regime presidencialista, como ele bem sabe”.
De acordo com a ex-presidente, a “dificuldade” na verdade era “uma integral rejeição” às práticas do então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que, segundo ela, foi “criador do Centrão, que queria implantar com o meu beneplácito o ‘orçamento secreto’, realizado, hoje, sob os auspícios de um dos seus mais próximos auxiliares na Câmara Federal”. A fala faz referência ao atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Por fim, a petista disse que “a História não perdoa a prática da traição” e que Temer “não engana mais ninguém”. “O que se conhece dele é mais que suficiente para evitá-lo, razão pela qual não pretendo mais debater com este senhor”, concluiu.
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