O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, afirmou nesta segunda-feira (24/7) que o ex-bombeiro Maxwell Corrêa atuava na "vigilância" e no "acompanhamento" da vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018. Conhecido como Suel, o ex-militar foi preso nesta segunda.
Andrei Rodrigues deu a informação em uma entrevista coletiva no Ministério da Justiça, acompanhado do ministro Flávio Dino. Rodrigues foi questionado sobre qual seria a participação de Suel no crime – ele já havia sido condenado por atrapalhar as investigações.
Já poderia adiantar que ele participou de ações de vigilância e acompanhamento da ex-vereadora e apoio logístico com os demais [participantes] de toda essa cadeia criminosa. Ele teve papel importante neste contexto inteiro. Antes e depois [do crime], afirmou Andrei.
Segundo a apuração, Suel emprestou o carro utilizado pelos criminosos para esconder as armas usadas no assassinato. O diretor-geral da PF também afirmou que a superintendência do Rio de Janeiro dará mais informações ainda nesta segunda-feira sobre a investigação.
Élcio de Queiroz e Ronnie Lessa
Na entrevista, o ministro Flávio Dino afirmou que a prisão de Suel foi possível após delação premiada feita pelo ex-policial militar Élcio de Queiroz, acusado de participar da execução do crime. Segundo o ministro, foi Queiroz quem indicou a "atuação decisiva" do ex-bombeiro nos assassinatos.
Ainda de acordo com Dino, na delação, Élcio de Queiroz confessou o envolvimento no crime e confirmou a participação do PM reformado Ronnie Lessa. Segundo as investigações, Élcio dirigia o carro que perseguiu Marielle Franco. Já Ronnie Lessa estava dentro do veículo e foi quem disparou contra as vítimas.
"As provas colhidas e reanalisadas pela Polícia Federal de fevereiro pra cá confirmaram, de modo inequívoco, a participação do senhor Élcio e do senhor Ronnie, e isso conduziu à delação do Élcio", disse Flávio Dino.
Próximos passos
O ministro afirmou ainda que "sem dúvidas" houve a participação de mais pessoas nos assassinatos. Segundo Dino, com a prisão de Maxwell, fica concluída a investigação sobre a execução dos crimes. No entanto, continua a apuração sobre os mandantes.
"A partir daí, as instituições envolvidas terão os elementos necessários ao prosseguimento da investigação. Não há, de forma alguma, a afirmação de que a investigação se acha concluída, pelo contrário. O que acontece é uma mudança de patamar da investigação", prosseguiu.
"Há aspectos que ainda estão sob investigação, em segredo de Justiça. O certo é que nas próximas semanas provavelmente haverá novas operações derivadas desse conjunto de provas colhidas no dia de hoje [segunda]", disse o ministro.
Cinco anos sem respostas
Em 2023, o atentado completou 5 anos. Desde fevereiro, o caso é investigado pela PF. Até hoje, ninguém tinha esclarecido quem mandou matar Marielle e qual a motivação da execução.
Apenas a primeira fase do inquérito foi concluída pela Polícia Civil e o MP: a que prendeu e levou ao banco de réus o policial militar reformado Ronnie Lessa — acusado de ter feito os disparos — e o ex-PM Élcio de Queiroz — que estaria dirigindo o Cobalt prata que perseguiu as vítimas. Lessa nega participação no crime.
Ronnie e Elcio são amigos. Os dois estão presos em penitenciárias federais de segurança máxima e serão julgados pelo Tribunal do Júri. O julgamento ainda não tem data marcada.
Lessa já foi condenado por outros crimes: comércio e tráfico internacional de armas, obstrução das investigações e destruição de provas.
Fonte: g1