Mãe de jovem atropelado diz que motorista, que é médico, teria fingido estar armado
"Perdeu, vai morrer", é o que teria dito o médico anestesiologista suspeito de atropelar um jovem de 15 anos no Parque da Cidade, em Salvador, na última quarta-feira (26). A alegação é da mãe da vítima, Nilma Machado.
Em entrevista ao BNews, a mulher contou que estava em casa quando seu filho teria sofrido o atentado. Ela soube, por meio de uma vizinha, que o jovem havia sido atropelado no Parque da Cidade, onde estava com outros três amigos
Desesperada, ela foi ao local e lá, encontrou seu filho no chão, chorando, enquanto era atendido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Ali, ela sentiu um misto de sentimentos: a preocupação pelo que tinha ocorrido a seu filho e o alívio. "Fiquei mais aliviada por ver que ele estava vivo", relata a mulher ao BNews.
Segundo Nilma, seu filho contou toda a história, que foi corroborada por populares. "Ele disse 'minha mãe, a gente viu um carro branco se aproximando e as pessoas dentro do carro estavam observando a gente, pensamos que seríamos assaltados, mas, de repente, o homem avançou, subiu na parte da grama em alta velocidade, tinha até mulher grávida. Todo mundo saiu da frente'", ela diz, relatando a fala do filho.
E o garoto contou mais: o motorista do carro teria batido na lateral da nádega do jovem. "Ele só parou porque deu de encontro com o banheiro do Parque da Cidade", afirma.
"Ele saiu do carro, foi de encontro a meu filho, que tentou correr. Ele [motorista] fez menção, como se estivesse armado, e disse 'perdeu, perdeu, vai morrer'", contou Nilma.
Sem conseguir continuar correndo por causa da dor na perna, o jovem se jogou no chão. Nesse momento, o motorista teria segurado o braço do garoto, enquanto outro rapaz, que acompanhava o motorista, avaliava o rosto do menino. "O rapaz olhou, ele [motorista] perguntou 'foi ele?', o rapaz disse que achava que não", relata.
A confusão fez com que populares se aglomerassem no local e, segundo Nilma, ninguém deixou que o motorista entrasse em seu carro até que guardas chegassem. A Polícia Militar foi acionada e, segundo Nilma, o suspeito foi colocado dentro da viatura, mas no banco da frente.
"A condição dele permite que ele esteja ali na frente, não é? Perguntei a eles [policiais], se fosse eu, estaria no conforto, sentada, ou estaria na posição de uma pessoa que tentou tirar a vida de outra? (...) É porque é preto que tem que morrer?", desabafou.
O jovem de 15 anos estava no Parque da Cidade com os amigos, uma menina e outros dois garotos. O rapaz é judoca e, de acordo com Nilma, estava treinando intensamente para participar de um campeonato nacional.
"Meu filho treinou, batalhou, seria mais um passo na carreira dele que ele não vai poder fazer agora", disse. Apesar de lamentar, a mãe garante que o menino não vai desistir e garante: "O sonho não acabou, só foi adiado".