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Obra de R$ 51 milhões em estrada na Bahia que recebeu busto do tio de Elmar Nascimento é alvo da PF

 

A obra foi custeada com recursos do orçamento secreto em 2022 | Bnews - Divulgação Elmar Nascimento (à esquerda), com o irmão, Elmo, prefeito de Campo Formoso, e o primo, Francisquinho, vereador: inauguração de estrada teve busto em homenagem a parente - Reprodução


Uma obra de R$ 51 milhões em uma estrada na Bahia que recebeu o busto do tio do deputado federal Elmar Nascimento (União-BA) está sendo investigada nos desdobramentos de investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF) no âmbito da Operação Overclean.


A operação investiga um esquema de fraudes em licitações públicas, desvio de recursos, corrupção e lavagem de dinheiro. O foco principal da operação é o uso de emendas parlamentares para o pagamento de contratos fraudulentos. O esquema, liderado pelos empresários José Marcos Moura, Alex Rezende Parente e Fábio Rezende Parente, teria movimentado cerca de R$ 1,4 bilhões. Os três estão presos


Faixa com referência ao aniversário de Elmar foi carregada em evento de inauguração de rodovia na Bahia — Foto: Reprodução/Redes sociais

Faixa com referência ao aniversário de Elmar foi carregada em evento de inauguração de rodovia na Bahia — Foto: Reprodução/Redes sociais

A PF investiga um esquema de desvios de emendas parlamentares envolvendo a pavimentação de uma estrada de 42 quilômetros em Campo Formoso (BA), orçada em R$ 51 milhões. A obra recebeu recursos do orçamento secreto de 2022 e foi inaugurada em julho, com um busto em homenagem ao ex-prefeito Francisco Sales do Nascimento (Dr. Chiquinho), tio do deputado federal Elmar Nascimento (União-BA), responsável pela indicação dos recursos. A estrada liga o povoado de Lagoa do Porco à área quilombola Lage dos Negros.

O projeto de pavimentação foi executado pela empresa Allpha Pavimentações, dos irmãos Rezende, que, segundo a investigação, teria pagado propina para funcionários da prefeitura para garantir a vitória na licitação. Além disso, parte dos recursos da obra teria sido direcionada para uma empresa fantasma. Apesar de a estrada ter sido inaugurada com pompa, a pavimentação já apresenta problemas, com o asfalto se desfazendo em vários pontos.


A obra foi realizada através de um convênio entre a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e a prefeitura de Campo Formoso, com R$ 34 milhões oriundos de emendas de relator, e o custo total subiu para R$ 51 milhões após dois aditivos. A licitação foi vencida pela Allpha, que apresentou uma proposta de R$ 45,4 milhões, abaixo do valor máximo estabelecido no edital. Após modificações no projeto, o município aumentou sua contrapartida para R$ 17 milhões


A inauguração da rodovia contou com a presença de membros da família Nascimento, incluindo o prefeito Elmo Nascimento (União), irmão de Elmar, e o vereador Francisquinho Nascimento (União), filho de Dr. Chiquinho. Durante a cerimônia, uma faixa com o rosto de Elmar e os dizeres “o aniversário é seu, o presente é nosso” foi exposta, já que o deputado completava 54 anos na semana seguinte. 


A investigação da PF apura os desvio de emendas e possíveis apadrinhamentos políticos, com a participação de Elmar Nascimento, seu irmão prefeito, e outros membros da família. Além disso, o vereador Francisquinho foi preso após tentar se desfazer de R$ 200 mil em dinheiro vivo ao perceber a chegada dos agentes da PF. A obra está em processo de fiscalização, e a Codevasf já repassou os R$ 34 milhões para o projeto, com a última medição apontando 90% de conclusão.


Operação Overclean


A Operação Overclean é uma investigação conduzida pela Polícia Federal (PF) que apura um esquema de fraudes em licitações públicas, desvio de recursos e corrupção, envolvendo o uso de emendas parlamentares para viabilizar contratos fraudulentos em diversos estados do Brasil. O foco da operação está em um esquema de apadrinhamento político, no qual recursos de emendas são direcionados para empresas que, em troca, pagam propinas para garantir a execução dessas obras.


Entre os órgãos investigados estão o DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas), a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) e outras entidades responsáveis por obras de infraestrutura, especialmente no Nordeste. Esses órgãos teriam sido manipulados para facilitar o direcionamento de recursos públicos para empresas ligadas aos investigados

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